sábado, 2 de abril de 2011

801

Tanta coisa se permite
Sem sentido e sem razão
Quando a vida se limite
Pelas tramas da ilusão.

Quero a vida nos teus olhos
Refletindo o mar em mim,
Superando tais abrolhos
Tão comuns no meu jardim.

Levo os olhos onde um dia
Conheci felicidade
Hoje apenas saberia
Desta turva falsidade,

4

A saudade não resgata
Apenas disfarça bem
O que tanto me maltrata
Não passara de um desdém

Dos jargões que a vida traz
Ruminando cada frase
O que possa ser audaz
Noutro rumo ora se atrase.


6

Ausentando dos meus dias
O que tanto desejaste
Ouso ter nas fantasias
Muito mais que algum desgaste


Tanto quanto possa a vida
Traduzir outro caminho
Já não vejo mais saída
E prossigo em vão. Sozinho.

8

Quem me dera menestrel
Quem me dera trovador
Uma estrela toma o céu
Outra invade em raro ardor.

Entre tantos dias vejo
O que deveras adiaste,
O meu mundo em teu desejo
Teu desejo é minha haste.

10

Tanta coisa ora atormenta
Quem se fez em solidão,
Numa vida tão sangrenta
Vou expondo o coração.

Nada mais se veja enquanto
O que canto nada alcança
No meu mundo o desencanto
Penetrando, fria lança.

Tento ser desta palavra
Um ourives, mas sei bem
O que tanto a vida lavra
No final nada contém

Restaria do meu mundo
Quase nada, mas prossigo
E se possa e me aprofundo
Quero estar sempre contigo.

4

Nada mais pudesse ver
Numa noite tão brumosa
Esperar o amanhecer
Numa sorte caprichosa.

Ousaria até seguir
Onde o mundo se perdera,
Porém sem algum porvir,
O final se apetecera.

6

Tudo existe e até por isto
Hei de ser bem mais feliz,
Na verdade não desisto,
Sigo sempre por um triz.

Na palavra que se rege
Outra tanta se desenha
O meu mundo vago herege
Escalando nova penha.

8

Naufragar entre os rochedos
Da esperança e da desdita
Onde os dias em degredos
A verdade atroz já grita.

Noutro tempo douta vida
A tempesta se aproxima,
Desta estrada em despedida
Renegando a mera estima.

820

Apresento a solução
Muito embora nada reste
Do que fora tentação
Hoje doma feita em peste.

Trovador que não se cansa
Sonha sonhos radiosos
E deveras quando avança
Busca braços generosos.

2

Nada mais se poderia
Ter no olhar quem tanto quis
Novamente noutro dia
Finalmente ser feliz

Ousa a voz em claridade
Outro tom quando se escuta
Além da realidade
Não desiste de uma luta.

4

Cada passo que se dá
Representa uma vitória
E começo desde já
Ultrapasso esta memória.

Um momento delicado
Outro tanto desvendasse
Quando tenho o ser amado,
Nada mais se desdenhasse.

6

Apressar o passo quando
A tempesta se anuncia
E deveras desenhando
Dentro da alma a fantasia.

Nas entranhas deste mundo
Quantas vezes; eu perdi
O que possa e se me inundo
Meu amor em frenesi.

8

Nada resta do que há tanto
Poderia ser melhor,
O meu mundo em desencanto
Cada passo eu sei de cor.

Num anseio sem temor
Desamor em devaneio
Onde planto rara flor
Esperança traça o veio

830

Restaria pouco tempo
Pra quem vive esta emoção
Ao viver em contratempo
Perco enfim a direção.

Um momento após a queda
Noutro engodo, raro engano
Meu caminho se envereda
Onde tanto ora me dano.

2

Nada mais se possa ver
Onde houvera claridade
E negando amanhecer
Redundante tempestade.

Da morena que deixei
Nas entranhas das Gerais
Tanto amor que desejei
Hoje sei que é nunca mais.

4

Apresento cada instante
Bem diverso do que pude
O meu mundo se garante
Num cenário bem mais rude

Noutro canto se anuncia
O que tanto desenhaste
O meu mundo em fantasia
Traz em si tanto desgaste

6

Cabem dentro de minha alma
As diversas dimensões
Do que tanto hoje me acalma
E transforma em ilusões.

Vagamente vejo o quanto
Desta vida se aproxima
Do que possa e quando canto
Noutro engodo a luz suprima.

8

Antevejo o que não venha
E tampouco não conduz
Ao saber da sorte a senha
Jamais tive a mera luz

Na palavra que consente
Outro rumo e dimensão,
Coração tenta a semente,
Mas é árido este chão.

840


Aproveito cada frase
E se entrego o pensamento
Nada mais decerto atrase
O que possa e em dor fomento.

Mais um gole de aguardente
Outro porre em esperança
Tanto quanto a gente sente
No final nada se alcança

2

A verdade não se cala
O que tanto quis um dia
A palavra toma a sala
Invadindo a fantasia.

Nas entranhas deste mundo
Onde o tempo se desnuda
O que possa e me inundo
Já não traz qualquer ajuda.

4

A beleza que procuro
Sensação de mansidão
O meu mundo sendo escuro
Como posso ver verão?

Nas fornalhas deste sonho
O que vejo se descreve
Num momento onde componho
O meu mundo bem mais breve

6

Sendo fraco este argumento
Nada mais quero ou procuro
E dar asa ao pensamento
Nega um passo mais seguro.

Avalio o quanto pude
E quem sabe sendo assim,
Já perdera a juventude
Vejo próximo o meu fim.

8

Quixotesca noite vaga
Onde tanto quis a sorte
A palavra já divaga
E traduz apenas morte.

Repetindo a ladainha
Cada noite outra novena
A verdade não é minha
O passado me condena.

850

Ao sentir o vento intenso
Revolvendo os teus cabelos
Num caminho em paz eu penso,
Bebo em ti diversos zelos.

Nada pude adivinhar
De um passado incoerente
E o que veja em tal lugar
Traz no olhar o que o desmente

2

Bebo a lua em raro brilho
Vendo o céu tão mais diverso
Entretanto este andarilho
Traz no olhar o tom disperso.

Esperava pelo menos
Um momento mais tranquilo,
Mas bebendo teus venenos
Entre as trevas eu desfilo.


4

Resultado deste enfado
Outro fado ou vã fortuna
E se tanto ora me evado
Nada mais deveras una.


Cadencio cada passo
Na procura de um alento
E se tanto quero e faço
Presumível sofrimento.

6

Bebo as tramas do passado
Vejo as portas do futuro
E se vejo o sonho alado
O vazio eu asseguro.

Navegar sempre em diverso
Caminhar sem mais proveito
Onde possa novo verso
Encontrando o quanto aceito.

8


Nos meus olhos, o horizonte
No meu canto a voz macia
O que possa sempre aponte
Dimensão de um turvo dia.

Nada mais se aproximasse
Da verdade sem sustento,
Cada dia novo impasse
Entregando o peito ao vento.

860

Arco mesmo com enganos
E se faço do momento
O que possa em novos planos
Transformar o sentimento.


Abro os olhos, vejo apenas
A verdade mais soturna
A minha alma que condenas
Nesta treva ora se enfurna.

2

Nada mais vejo onde eu quis
Um caminho solidário
Onde quero ser feliz
Sigo em claro itinerário.


Onde houvesse alguma luz
Na verdade busco a sorte
Meu caminho reconduz
Meu anseio para a morte

4

Nas entranhas da saudade
Encontrei o quanto apressa
Esperança na verdade
Tão somente uma promessa.

Já não vejo mais saída
Nem tampouco persistisse
No que possa em distraída
Vida aquém desta mesmice.

6

Arco com meus desenganos
E desenho do arvoredo
Outros ermos, ledos danos
Meu caminho; em vão, procedo.

Nada vejo e quando quero
Cada passo representa
O caminho mesmo fero
Numa sorte violenta,

8

Arco com meu velho engodo
Entranhado em lamaçal
Do meu rumo em podre lodo,
Outro sonho mais venal.

Sem ter travas nesta língua
Nada mais me conteria
Mesmo quando sigo à míngua
Tenho na alma a fantasia.

870

Apascentas o que vejo
No caminho mais cruel
O que dita este desejo
Traz nos olhos, turvo céu.


A verdade não se cala
E nem mesmo se desdita
A minha alma na senzala
Noutra senda ela acredita.


2

Levo aos olhos este encanto
Entre tantos que vivi,
O meu mundo; adianto
Em teus braços, conheci.

Na palavra que redime
Nos anseios mais suaves
Onde amor supera o crime
Também nega tais entraves

4

Arco com meus erros quando
Outro tanto se desnuda
A palavra transmudando
Esperança queda muda.

Ouviria a minha voz
Quem jamais se calaria
O caminho para nós
Noutro tom se moldaria

6

Num instante quando quero
Encontrar e ser feliz
O que possa mais sincero
Noutro rumo contradiz.

A verdade se anuncia
Sem saber da direção
Onde o todo a cada dia
Molda a velha dimensão.

8

Esquecendo algum detalhe
Nada mais se vendo após
Esperança não retalhe
O que resta vivo em nós.

Jamais tive em meu caminho
Qualquer tom que me mostrasse
Quanto possa ser daninho
O tormento em ledo impasse


880


Nos momentos mais diversos
Encontrara o que deixei
Entre sonhos tão perversos
No vazio eu mergulhei

Esperança não resume
O que possa me trazer
Muito além de algum perfume
A vontade de viver.


2

Restaria em desenredo
O que possa ter enfim,
E se tanto ora segredo
Marco aos poucos ledo fim.

Ondas tantas, mar imenso
Inundando em fantasia
O caminho aonde eu penso
Na incerteza de outro dia

4

Esquecendo algum detalhe
Busco apenas novo sonho,
O que tanto nos retalhe
Traz no olhar o tom bisonho.

Parcimônia a cada passo
Ou talvez o que se faça
Na verdade o descompasso
Noutro rumo nada traça.

6

A verdade não se cala
O momento se anuncia
E tomando inteira a sala
Mata com hipocrisia.


Hei de amar e ser feliz
Mesmo quando nada houvera
O meu mundo de aprendiz
Traduzindo a vida austera

8

Arejando em esperança
O que tanto desejei
Voltarei a ser criança
Reinações tramando o rei.

Vivo em volta da incerteza
A nobreza dita o canto
Onde possa em fortaleza
Desenhar em raro encanto.

890

Apresento o que pudesse
Ser diverso do momento
Onde a vida me enlouquece,
Busca inútil, mas eu tento.

Noutro rumo a minha sorte
Não traria novamente
O que possa e me conforte
E deveras não mais mente.

2

Basta mesmo de abandono
Quando a vida não se dera
O que possa e desabono
Gera em vão nova quimera.


Nesta noite enluarada
O que pude perceber
Derramando sobre a estrada
Um delírio a se perder.

4

Não se vendo mais o quanto
Pude crer noutro momento
A verdade que garanto
Não redime o sofrimento.

Preconceito? Uma burrice
Nada traz apenas leva,
O que a vida contradisse
Reproduz a velha treva.

6

Neste instante o que se veja
Nada mais já me traria
A verdade benfazeja
É somente fantasia.


Meu caminho vida afora
Minha sorte não presume
O que possa e me devora
Renegando qualquer lume.

8

Na verdade o que se vê
Expressasse novo dia
O meu mundo traz você
Feita em clara sintonia.

Entre dias mais nublados
Em brumosa noite, eu passo,
Dias turvos renegados
Nos enganos que ora traço.

900

Trovejando dentro da alma
Tempestades vejo agora
A verdade não acalma,
Falsidade nos devora.

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