sábado, 2 de abril de 2011

545
Eu nasci naquela serra
Nos olhares desta lua
O meu peito sempre encerra
Esta deusa bela e nua...

546


Solidão aqui por perto
Esta vontade de chorar
O meu peito sempre aberto
Nunca mais vai se fechar

547

Vejo a vida neste espelho
Cada ruga é um presente,
Cada traço outro conselho,
Do futuro vou descrente

548

Rasos d’água olhos tão tristes
Procurando por um bem
Eu bem sei que tu resistes
E por isso, sem ninguém


549

Versos faço sem medidas
Não me canso de cantar
Ilusões se estão perdidas
Por meu Deus quero encontrar


550

Fardo pesado carrego
A saudade dolorida
Tanto amor Jamais eu nego
É negar a própria vida...

551

Tua boca framboesa
Cada lábio carmesim,
Teu amor uma riqueza
Rara flor do meu jardim.


552

Faço o canto que quiseres
Em trovinha ou em soneto,
Mas decerto se vieres
Tanto amor eu te prometo.



553


Meu amor uma andorinha
Que a saudade maltratou
Se sonhei que eras tão minha
O meu sonho se arribou


554


Vejo a luz desta saudade
Pela luz dos olhos teus
Para haver felicidade
Tua luz nos olhos meus...

555


Sou apenas um cantor
Que se fez apaixonado
Ao luar um trovador
Canta o amor, inebriado...


556

Trovador que não se cansa
De cantar quem tanto quer
Poesia sempre alcança
Nos teus braços de mulher

557


Minha vida não tem preço
Tanto apreço a vida tem
Cada dia num tropeço
A saudade sempre vem..


558

Bebo a fonte da saudade
Nos teus beijos minha amada,
Não saber felicidade
Nesta vida é não ter nada...


559

Ouço a voz de uma esperança
Canta livre passarinho,
Mas o tempo sempre avança
E me encontra tão sozinho...


560

A saudade é matadeira
Pra matar esta saudade
Eu procuro a noite inteira
Sem ter lua, a claridade


561


Quero o beijo mais garboso
Da morena mais faceira
Coração tão curioso
Não quer mais marcar bobeira


562

Cavaleiro em lua cheia
Esperança em seu alforje
Quando a noite se incendeia
O dragão; mata São Jorge.

563

Coração faz melodia
Com espanto de quem teima
Teu amor em noite fria
Esquentando até que queima.

564






Fazer trovas já me traz
Alegrias e tristezas
Tanto amor não foi capaz
De vencer as correntezas.


565


Bebo a sorte de quem teve
Alegria invés de dor
A minha alma se conteve
Ao sentir um grande amor


566

Navegante sem cuidado
Naufragando antes do cais,
Meu amor sempre ao meu lado
Não te esqueço nunca mais

567


Beijo a fronte delicada
Desta moça tão faceira
A minha alma apaixonada,
Ilusão tão verdadeira.


568


Quero o sal da tua pele
Teu suor, o meu desejo
Teu amor já me compele
Ao destino que ora almejo


569


Medo tenho do futuro
Isso não é novidade,
Sendo claro ou sendo escuro
Busco sempre a liberdade


570


Tantas vezes te queria
Mas jamais tu me quiseste
Pois arar em terra fria
Na colheita não vieste.


571


Vejo a lua e te imagino
Claramente nos meus braços,
Deste sonho de menino
Nosso amor estreita os laços


572



Se das penas tu tens pena
Já de mim nada tu tens,
Sedas plenas, bela cena,
Mas deveras já não vens...


573



Bebo a sorte traiçoeira
Que tragaste por engano,
Meu amor sabe a poeira
Mas decora um novo plano.

574

Talvez veja com teus olhos
Os meus olhos junto aos teus
Num caminho feito abrolhos
Só restando o teu adeus...

575


Alecrim que eu encontrei
Nas campinas das Gerais,
Meu amor eu te entreguei
Mas não me queres jamais....


576

A morena tem seu quê
De carinho e sedução
Vem correndo e logo vê
Que é só seu meu coração.

577

Laço firme tu me destes
E deveras me prendeu
Esperanças que me vestes
Deste amor ser todo meu.

578


Não queria esta verdade
Nem tampouco uma mentira
Meu amor tanta saudade
Nos teus braços já me atira


579


Quero ver se não pudesse
Compreender meu sentimento
Te faria reza e prece
Não te deixo um só momento


580

Vento frio, madrugada
Meu amor já não está
Pela rua, na calçada
Meu amor onde andará?

581

Tanto tempo sem te ver
Tanto quis e nada tenho
Meu amor o teu prazer
Nos meus sonhos não contenho.


582


Poesia fiz contente
Para quem amo demais
Meu amor se fez urgente
Nos teus braços fez seu cais


583

Veio vindo de mansinho
E tomando toda a sala
Coração de passarinho,
Quando vê quem ama, cala..

584


Estrelinhas lá no céu
Vão dizendo de quem amo
Nosso amor em seu papel,
Com certeza o bem que clamo...


585


Tanto quero o teu querer
E não queres meu amor
Sem te ter cadê prazer?
Só restando frio e dor.

586

Passarinho quando canta
Com saudade do seu ninho
Minha voz já se levanta
Já não vou cantar sozinho


587


Beijo a boca da morena
Mas a loura é quem me quer
Meu amor já não tem pena
Faz de mim o que quiser


588


Labaredas do desejo
Se espalhando pela casa
Cada vez que, amor te vejo
Aumentando mais a brasa.

589


Dedilhando na viola
Serenata fiz por ela
A minha alma já decola
Pega o barco, abrindo a vela...

590

Este pobre trovador
Coração analfabeto
Na matéria de um amor
Bobeando locupleto.

591

Tantas vezes quis teu nome
Escrever em poesia
Quando a lua ao longe some
É sinal de novo dia.

592

Lago plácido sonhei
Para poder mergulhar
Nos teus braços eu fui rei
Coração fez coroar.

593

Não persigo quem me odeia
Nem tampouco quem maltrata
No sertão a lua cheia
Se derrama sobre a mata.

594

Trovador que não se cansa
De fazer trovas e rimas
Vai mantendo esta esperança
Mesmo se mudarem climas.


595

Vento bom que me alivia
Quando faz muito calor,
Mas se a noite é muito fria
No teu braço, aquecedor.

596


Calma, calma minha gente
Uma noite não é nada
Mas com esta dor de dente
Penetrando a madrugada?

597

Tanto tempo procurando
Por alguém que não me quis
Meu amor me torturando
Nunca mais serei feliz.


598
Se eu pudesse te daria
Um palácio, mas cadê?
Tão enorme fantasia
Pruma casa de sapê


599


Vejo a luz dos olhos teus
Clareando a noite escura
Não encontro mais os breus
Se a minha alma te procura.


600


Levo a vida deste jeito
Cada qual sabe o que faz
Vou vivendo satisfeito
Teu amor me trouxe paz

601

Sinto o vento no meu rosto,
Uma brisa te chamando
O meu peito agora exposto
Se entregando ao vento brando.


602


A verdade não engana
Quem deseja ter um bem
Minha sorte soberana
Procurando sempre alguém.

603

Tenho os olhos já cansados
De chorar por quem partiu,
Dias tristes, descorados,
Por que amor se fez tão vil?

604

São palavras simplesmente
Não traduzem o que sentes,
Meu amor feito demente
Não sabendo que tu mentes.

605

Neste beco sem saída
Nada faço senão ir
Procurar a minha vida
Noutros tempos, no porvir...

606


Caso venha sem vontade
É melhor ficar de fora,
Meu amor tanta saudade
se não mato, me devora.


607


Tenho os olhos já cansados
De tentar felicidade,
Noutros mares mergulhados
Só marulho é que inda invade.

608


No que posso te contar
Uma estrela matutina
Com saudades do luar
Tanto brilha e até fascina.

609


Não me venha com mentiras
Nem tampouco me iludindo
O amor feito sem tiras
Nem retalhos se faz lindo.

609


Coração de navegante
Timoneiro busca o cais,
Mas seguindo sempre avante
Teu amor não vejo mais.

610


Quando o galo à noite canta
Despertando quem dormia,
De manhã já se levanta
Depenado na bacia...

611

Jacaré virando presa
Se o riacho tem piranha
Vai servir de sobremesa
Pois multidão sempre ganha...


612

Se esta boca fosse minha
Não cansava de beijar
Meu amor não adivinha
Quanto quero tanto amar...

613


Esperança vem chegando
De mansinho, devagar
Meu amor, mas até quando
Eu terei que te esperar

614

Nada além do que pensava
Coração de um violeiro
Que decerto já buscava
Teu amor, o tempo inteiro

615

Vivo sempre perguntando
Como posso ser feliz
A tristeza me tomando
Vou vivendo por um triz

616

Eu sou como um passarinho
Com vontade de voar
Mais distante do meu ninho
Sem ter ninho onde pousar.

617

A saudade, uma gaiola
Que me prende e me maltrata,
No ponteio da viola
Liberdade é serenata...


618

Vou buscando uma alegria
Onde um dia quis amor
Muito embora a fantasia
Só provoque imensa dor.

619

Nos meus olhos rasos d’água
A tristeza é tão presente
A saudade em mim deságua
Novo amor se faz urgente

620

Peço a Deus por um momento
Em que possa me alegrar
Vai girando o pensamento
Carrossel não quer parar...

621

No cansaço desta noite
Alvorada não me quis
Se a saudade é como açoite
Como posso ser feliz?

622

Tenho tanto que aprender
E tão pouco pra ensinar
Aprendendo a te prazer
Nas veredas deste amar...

623


Coração tão vagabundo
Não se cansa de sonhar,
Nos teus braços me aprofundo
Nos teus sonhos mergulhar.



624

Sorte tem quem a procura
Não me canso de dizer
Quando a noite é mais escura
Tua luz me dá prazer.



625

Doce canto, o passarinho
Com beleza quer parceira
Com você fazendo o ninho
Vou brincar a noite inteira.

626

Repentista e violeiro
Um eterno sonhador
O meu peito é mensageiro
Das loucuras de um amor.

627

A trovinha é tão singela
Coração jamais se cansa
De pensar somente nela
Ser feliz, uma esperança...

628

A paixão tem tantas faces
Que não posso mais contar,
Nos teus olhos os disfarces
Não aprendo a decifrar.

629

Vejo a lua iluminando
Meus caminhos pela vida,
De tristezas vou lembrando
Esta noite em despedida.

630

Risco o nome de quem amo
Trago os dedos machucados,
Da saudade não reclamo
Já conheço antigos fados...


631

Sorte tem quem a procura
Não me canso de dizer
Quando a noite é mais escura
Tua luz me dá prazer.


632



Pele com pele dá certo
Alegrias sem limites
O meu mundo segue aberto
Só te peço que acredites.

633


Tanto tempo nesta espera
E ninguém fala meu nome,
Quando penso em primavera
Roseiral, morrendo some...

634

A tristeza é companheira
Minha amiga inseparável
A parceira derradeira
Desencanto interminável.

635

Roda, roda a sorte gira
E não pára de girar.
Teu amor uma mentira
Que aprendi a decifrar.

636

Nada tenho de alegria
Meu prazer já foi embora,
E somente a noite fria
No meu peito se demora.

637

Vai chovendo de fininho,
Tanto barro nesta estrada
Teu amor já sem carinho
Na verdade não diz nada...


638


Rosas trago em meu jardim,
Amarelas e vermelhas
Coração traz dentro em mim
Deste amor, belas centelhas.


639


Lavo os olhos na saudade
Do meu bem que não me quis
A tristeza agora invade
Nunca mais serei feliz

640

Trago os olhos já cansados
De chorar por quem não quis
Os meus beijos vão calados
Coração bate infeliz...

641

As palavras que disseste
Me trouxeram tanta mágoa
Neste solo tão agreste
Esperança não deságua...

642

Trago a marca do abandono
Cicatrizes dentro da alma,
Já perdendo amor e sono
Nem o canto mais me acalma...

643

Ergo os olhos e procuro
Quem outrora quis tão bem
Mas o céu estando escuro
Não me mostra mais ninguém.

644

Barco ao léu, o mar carrega
Sem destino cadê porto?
A minha alma andando cega
Peito sem amor, já morto...

645


Trovejante coração
Faz das suas e me engana
Outros dias sofrerão
Esta sorte desumana



646

Tanto quero que não sei
Se o querer faz bem ou mal,
Meu amor eu encontrei
Noutros bailes, carnaval.


647


A vovó tá bem surdinha
Nada escuta, minha gente
Tá careca e banguelinha
Só não tem mais dor de dente.


648


Lambisgóia de uma figa
Mercenária e vagabunda
Se quiser pensão tem briga
Tem tapão na sua bunda.


649

Beijo o sonho que me deste
Como fosse um bom presente
Desde o dia em que vieste
O final, alma pressente...

650

Bebo gotas deste orvalho,
Já não posso mais sonhar,
Meu amor o meu trabalho
Não me deixa descansar...

651

Risos falsos, fantasias
A que resta, a do palhaço,
Procurando as alegrias
Não encontro nem pedaço.

652

Tempo escorre em minhas mãos,
Sorte foge dos meus dedos,
Os meus cantos sempre vãos
Aumentando cedo os medos.

653

Eu te trago uma mensagem
De quem tanto quis teu bem,
Trago sempre na bagagem
A saudade deste alguém...

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