sábado, 2 de abril de 2011

644

Tantas vezes nesta vida
Procurei felicidade,
Mas a sorte ora perdida
Renegando a claridade.

645

Num momento mais feliz
Ou quem sabe feito em paz
Ao viver o quanto eu quis
Outro sonho a vida traz.

646


Nada mais se vendo além
Do que traz a calmaria
Tanto tempo sem meu bem,
Esta estrada é tão vazia

647


Bebo em fonte caprichosa
Esperança em mansidão
Cultivando em toda rosa
O que possa o coração.


648


Já não tenho mais temores
Nem tampouco a dor me doma,
Onde queres belas flores
Solidão tudo nos toma.


649


Não vivesse o quanto possa
Sem sentir o gosto amargo
Da verdade que destroça
O caminho que ora eu largo.


650
Lavrador em verso e sonho,
Um poeta já cultiva
O que tanto mais proponho
Nesta sorte sempre-viva.


651


Já não pude imaginar
Depois disto outro caminho
Sem as teias do luar
Continuo mais sozinho.


652


A verdade não se nega
A saudade não tem fim,
Quando o sonho me carrega
Destruindo tudo em mim.


653


Nada mais pudesse ver
Quem se fez em plenitude,
O meu mundo em desprazer
Tantas vezes desilude.


654


A palavra que consola
Outro sonho se mostrasse
Quando a vida entra de sola
Desenhando a podre face.


655


O resumo do que vivo
Noutro fato, mesmo engodo,
Posso ser até cativo,
Mas eu fujo deste lodo.


656


Outro tempo diz do quanto
Eu pensara ser diverso,
Mas ao ver em desencanto
Não pretendo e desconverso.


657


Jamais tive nesta vida
O que fora algum aporte
A verdade desprovida
De razão não tem seu norte.


658


Carpinteiro coração
Desentorta e mesmo tenta
Transformar em solução
O que fora uma tormenta…


659


O vencer e ser vencido
Ditam sempre esta emoção
O que posso então lapido
Nas searas da paixão.


660


Nada mais pudesse ver
Onde tento acreditar
Nas tramóias do prazer
Ou nos braços do luar.

661

Todo o verso que inda tento
Contestando o dia a dia
E se posso estar atento
Outro sonho o tempo adia.

662


Nada mais se vendo após
O que trazes num olhar
Quando vejo atados nós
Nos teus braços mergulhar.

663

Nada mais do que se faz
Ou do quanto poderia
Vivo o sonho mais audaz
Nas sendas da poesia.

664

Tanto amor não se traduz
Na palavra mais suave,
E procuro em plena luz
Superar qualquer entrave.


665


A palavra se malsã
Gera tantas heresias
O destroço que amanhã
Noutro engodo me trarias.

666

Nos anseios da saudade
Eu procuro o teu retrato
Onde existe a liberdade,
Tanto amor além constato.

667

O meu verso tenta apenas
Conceber a paz que abrigo,
E se tanto me condenas,
Mesmo assim teimo e prossigo.

668


O que tanto tu me destes
Noutro tempo já deságua
Onde teimo ter celestes
Os caminhos bebem mágoa.

669

Deste rio a sua foz
Com certeza encontra o mar,
Tanta vez; trouxeste após
O que pude desejar.

670

O silêncio na verdade
Não sossega o coração,
A palavra que te agrade
Traz no fundo a traição.

671


Não perdendo o tempo quando
Encontrar algum espinho,
É seguir sempre traçando
Com firmeza o seu caminho.

672


A esperança de um futuro
Sustentando em claro tom
O que possa e configuro
Traz no olhar amor em dom.

673

Meu momento mais feliz
Noutro tempo se desenha
E podendo no que eu quis
Ter o quanto em paz contenha,


674

Nada mais além do brilho
Deste olhar que tanto quero
Traz no fundo o que palmilho
Num desejo mais sincero.

675

Ousaria acreditar
Nos ditames da paixão,
Quando bebo do luar
Tenho exata dimensão.

676

Nada mais já nos conforte
Nem sequer o quanto a vida
Tenta ser deveras forte
Abrandando uma ferida.

677

A palavra mais suave
A vontade se traduz
No que possa e não agrave
O momento em farta luz.

678

Nada pude do passado
Reviver quando eu queria
O meu verso lapidado
Noutro tom se negaria.

679

Outra sorte se deseja
A quem tanto eu quero bem,
Não valesse uma peleja
Tanto amor que a vida tem.

680

O meu dia recomeça
Nos anseios da emoção
Quando a sorte se professa
Nos rincões de uma ilusão.

681

Almejasse pelo menos
Um momento em calmaria,
Venço assim tantos venenos
Que enfrentara dia a dia.

682

Nas montanhas e nos vales
Nos caminhos tão diversos
Onde quer que tanto fales
Vejo ali meus claros versos.

683

Na cidade pequenina
Ou talvez num vilarejo
O que tanto me fascina
Traduzisse o que ora vejo.


684

Nas redomas onde um dia
Escondera cada olhar,
A verdade se faria
Noutro tom a devorar.

685

Ansiedade dita o rumo
De quem tente ser semente
Deste prado onde resumo
O que traz mais viva a mente…

686

Nada mais se vendo quando
O passado vive em mim,
Neste rumo desenhando
Sofrimento não tem fim.


687

Atravesso cada rua
Avenidas, vias, rotas
E se tanto alma flutua
Meu caminho já nem notas.

688

Eu preparo a despedida
E bem sei que é nunca mais,
Onde houvera uma saída,
Já não vejo qualquer cais.

689

O meu passo incoerente
O meu rumo sem proveito
Onde quer que a gente tente
A saudade nega o leito.

690

Pude crer no que talvez
Fosse além de mero sonho,
E o que possa, mas não vês
Traz no olhar passo enfadonho.


691

Dos amores e das sortes
Tão diversos, nada resta
Sem saber do que comportes
Jamais vejo alguma festa.


692

Num momento mais audaz
O meu mundo não traria
O caminho onde se faz
A beleza em serventia...

693


Jamais vejo o quanto tenho
Muito ou pouco, não importa
E se possa em raro empenho
Arrombasse então a porta.

694

Já não tenho esta esperança
Que pudera alimentar
O meu mundo em aliança
Com o tempo a desolar.

695

Embarcando no vazio
Outro canto se apresenta
E descendo o velho rio
Enfrentando outra tormenta.

696

Trovadores, sonhos trago
Nos meus olhos reticentes
Enfrentando sem afago
Dias duros e inclementes.

697


Um acorde que se entoa
Nas cordas do coração
A palavra não ecoa
O que dita esta emoção.

698

Trago os olhos no futuro
Vejo no retrovisor
O caminho mais escuro
Feito em rude desamor.

699

Nada mais se possa ter
Num momento onde se sente
Os terrores do querer
Quando o sonho já se ausente.

700

As verdades que me dizes
Outras tantas refletindo
Ultrapasso velhas crises
Num cenário quase infindo…

Nenhum comentário:

Postar um comentário