41
Já não vejo qualquer rastro
De quem tanto desejei
Ao seguir no céu este astro
Outro aqui eu encontrei.
42
A verdade não se cala
E não deixa que se tente
Enfrentando faca e bala
Outro dia impertinente.
43
No sertão da minha terra
Muitas vezes vou sozinho
A saudade quando berra
Faz do sonho o velho ninho.
44
Poderia pelo menos
Ter nos olhos esperança
Mesmo quando em dias plenos
Minha luta não se cansa.
45
Bebo um gole de aguardente
E se tento desejar
O que possa num repente
Transformar inteiro o mar.
46
A mulher domina tudo
E não canso de dizer
Quantas vezes eu me iludo
Mais distante do poder.
47
Não se perde a direção
Quem encontra a liberdade,
Entregando ao coração
A total felicidade.
48
Num momento aonde eu pude
Caminhar em tantas rocas
Já perdendo a juventude,
Volta e meia me provocas.
49
Não mergulho no vazio
Mesmo quando me incendeia
O que possa e desafio,
Belo canto da sereia.
50
Resumindo o que faz
Noutro passo mais frequente
O que vejo e deixo atrás
Mostra o sonho em paz, contente.
51
Da fonte da juventude
Ao que pude no passado
O meu passo desilude
Noutro rumo desenhado.
52
Nada mais se vendo após
O que tanto quis um dia
Aumentando a minha voz
Ninguém mesmo me ouviria.
53
Apresento com tristeza
A saudade de quem segue
Muito além a correnteza
E esperança já carregue.
54
Nada mais pudesse ter
Quem decerto se imagina
Nas vontades do prazer
Na palavra que alucina.
55
De Maria algum carinho
E da luta novo engano,
Onde fora tão sozinho,
Novamente em vão me dano.
56
Esperando alguma sorte
Onde nada mais viera,
Sem ter nada que conforte
Renascendo esta quimera.
57
Noutro vale, esta esperança
Poderia ter no olhar
O que nada mais alcança,
Mas me cansa de esperar.
58
Bravo sonho invés do luto
Onde a morte já rondava,
Coração bem mais astuto
Na esperança em paz se lava.
59
Aprendendo pouco a pouco
O que fosse uma lição
Já não sigo feito um louco
Acordes do coração.
60
Na alameda feita em luz
Ouro puro que me deste,
O meu canto reproduz
O teu sonho em paz, celeste.
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