21
Caminhar em tempestade
E deveras perceber
O que tanto desagrade,
Mas no fundo dá prazer.
22
Ânsias tantas noite afora,
A ferrenha luta traz
O que possa sem demora
Ser deveras mais audaz.
23
Na palavra que consola
Na esperança em claridade
A verdade entra de sola
E revive esta saudade.
24
Nada mais eu poderia
Onde o tempo não vigora
O que fosse noite fria
Fica sempre bem lá fora.
25
O caminho sem vontade
A vontade sem estrada
Onde quer felicidade
No final não resta nada.
26
Meu momento mais feliz
Outro tempo não desenha
O que possa e mesmo quis
Não põe fogo nesta lenha.
27
Tosquiando cada sonho
Sem saber o que pudesse,
O desejo onde o proponho
Com certeza já me esquece.
28
Apresento a cada instante
O que pude acreditar
Meu amor tão inconstante
Já não sabe onde ficar.
29
O sentido se perdendo
No caminho em desventura
O que possa se prevendo
Onde o nada ora procura.
30
Apresento o verso enquanto
O que tento não esgota
A verdade em desencanto
Traça mais uma derrota.
31
Sendo um velho repentista
Das montanhas, das gerais
O que possa e não desista
Quero sempre muito mais.
32
Apresenta a sorte grande
Quem deseja muito além
Do que tenta e mesmo mande,
Mas no fim nada contém.
33
No caminho mais gentil
Outro rumo logo atalho
O que tanto se previu,
Já me deu tanto trabalho...
34
A coceira que não passa
A vontade de te ter,
Mas amor igual fumaça
Noutro espaço a se perder.
35
Bebo em doce companhia
O que tanto acreditei
Na verdade o que viria
Dos amores foi a lei.
36
Se eu fui rei, foste rainha
A palhoça este castelo,
Onde foste outrora minha,
Mas sozinho eu me revelo.
37
Nos meus dias mais felizes
Nos momentos que buscava
Enfrentar tantos deslizes
Superar vulcão e lava.
38
Demarcando com meu verso
O que pude acreditar
No momento mais perverso
Nada resta a se mostrar.
39
Ouço a voz de quem queria
Transformar humanidade,
Na incerteza de outro dia
Já não vejo a liberdade.
40
O mineiro sentimento
Resta atrás de uma montanha,
A palavra quando tento
Na esperança faz barganha.
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