sexta-feira, 1 de abril de 2011

351


Não chorasse em vão meu filho.
Pois a vida é mesmo assim.
Num momento o imenso brilho
Noutro instante o duro fim.


352


A verdade não sonega
O que tanto quis um dia
A justiça mesmo cega
Traz a luz que me irradia.

353

O meu verso não exprime
O que tanto desejei,
O meu canto já suprime
O cenário que entranhei.

354


Bebo um pouco deste sonho
E pudera ter no olhar
Cada verso onde componho
O que possa desejar.

355

Na incerteza de algum verso
Na verdade mais temida
O que possa no universo
Trás além da própria vida.

356


Num janeiro da esperança
Outro dia se redime
O caminho aonde alcança
Novo tempo em paz se prime.

357

Beba o sonho e mansamente
Navegasse no infinito
Desenhando em clara mente
Muito mais que eu necessito.

358


Já não pude acreditar
Nos desmandos da paixão
Onde quis algum luar
Vejo além a escuridão.

359

Entregando à própria sorte
O que tanto desejei,
O que possa e me conforte
Na verdade não tem lei.

360

O meu mundo se desenha
Sem motivo e sem proveito
Onde possa e já convenha
Bebo o sonho e me deleito.

361

Na saudade que ora levo
No momento mais sutil,
O caminho aonde o cevo
Traz o quanto amor previu.

362

Bebo em fonte maviosa
O que tanto quis em paz,
No cenário a bela rosa
Deixa o sonho mais audaz.

363


Nada além da imensidão
Num momento em plenitude
Novas sortes mostrarão
Muito além do que já pude.

364

O meu rumo se desenha
Nos teus passos, meu amor,
Quando a vida nos convenha
Expressasse em campo e flor.


365

Poderia muito mais
Do que tanto acreditei
Enfrentando os temporais
Transformando o sonho em lei.


366

A verdade se comprova
Quando o sonho se aproxima
Para ter no olhar a trova
Necessita sempre a rima.

367

Nenhum medo ora se apossa
Do que pude e tento além
A verdade nega a troça
E o caminho sabe bem.

368

O meu canto seja em paz
O meu verso em mansidão.
Se este passo é mais audaz
Vejo nele outra estação.

369


Quando esta insensata mente
Toma as rédeas do viver
O que tanto agora mente
Renegasse algum prazer.

370

Trago os olhos já cansados
De lutar sem ter sequer
Novos sonhos desenhados
Nos anseios da mulher.

371

Vendo o quanto me restasse
Do momento mais feliz
A verdade traz na face
O que tanto a sorte quis.

372

Pouso além do que se queira
Marco as tramas com ternura,
A verdade corriqueira
Traz no olhar mansa brandura.

373

Meu caminho eu agradeço
O que possa ser assim,
Na verdade o que mereço
Expressasse cedo o fim.

374

Navegando contra a fúria
Da verdade mais audaz
Trago apenas a penúria
Onde o nada já se faz.

375

Abandono a velha guerra
E jamais pudesse ter
Onde o coração encerra
Marcas vagas de um prazer.

376

O meu canto sem sentido
O sentir em desencanto
O meu tempo consumido
No vazio em ledo pranto.

377

Onde quero ser feliz
Pouso apenas meu olhar
O caminho nada diz
Do que eu possa desejar.

378

O meu verso sem proveito
O meu tempo não resume
O que tanto agora aceito
Traduzindo este queixume.

379

Ao abrir inteiro o peito
O que pude não viera
O meu canto insatisfeito
Traz o bote da pantera.

380

Na palavra que se veja
O que tanto desejei
A saudade traz peleja
Destroçando inteira a grei.

381

Bebo um gole de esperança
E jamais nada eu pudera
Onde o tempo não avança
Espreitando a sorte, fera.

382


Morto desde quando quis
Outro tempo sem sentido.
O meu sonho ora desfiz
Neste mundo desprovido.


383

Nada mais se vendo quando
Outro tempo se resume,
Na palavra derrubando
O momento em tal queixume.

384

O meu medo se aproxima
Do que possa ser assim,
A verdade não redima
O momento em ledo fim.

385

O propósito se faz
No vazio da esperança
E o que pude é mais mordaz
E meu passo em vão se cansa.

386

Ouso mesmo acreditar
Ou quem sabe necessite
Do que possa no luar
Onde amor tem seu limite.

387

Ando sem ter esperanças
De chegar aonde pude
Entre as faces as mudanças
Não trariam plenitude.

388

O meu mundo se anuncia
Outro tanto me redime,
A verdade mais sombria
Traz no olhar o que suprime.

389


Nada mais se aproximando
Nem o tempo aonde veja
O que possa em contrabando
A verdade malfazeja.

390

Onde vejo a trovoada
Numa revoada trago
O meu canto aonde o nada
Desenhasse o tempo vago.

391

Mergulhando neste abismo
Onde o tempo reproduz
O temível cataclismo
Renegando a própria luz.

392

Vivo apenas o que busco
Busco apenas liberdade
O caminho sendo brusco
Traz o quanto se degrade.

393

O meu canto se anuncia
Onde o verso se desdenha
A verdade em agonia
Traz o quanto nada tenha.

394

Acredito na promessa
Que pudera noutro fato
Traduzir o que começa
E no fim já não constato.

395

Ouço a voz de quem pudera
Ter nas mãos outro momento
A saudade traz na fera
O que possa em desalento.

396

Trago os olhos no horizonte
E bebendo cada gota
O momento traz na fonte
A palavra boquirrota…

397


Um versar onde se tente
Outro mundo sem igual,
O caminho imprevidente
Traça um rumo rude e mau.

398

Esquecendo o meu passado
Sem futuro sigo em vão
Outro tempo desenhado
Traz somente a solidão.

399

Apresento novo passo
E se o tempo se transforma
No que possa em descompasso
O meu mundo muda a forma.

400

Neste tanto que se quer
Outro tanto se desenha
Nos quadris desta mulher,
Fogo acende agora a lenha.

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