261
Das entranhas da saudade
Encontrando quem me leve
O meu mundo em liberdade
E negar ninguém se atreve.
262
Ausentando do meu erro
Sem saber do que virá
Vou além deste desterro
Onde o sol me tocará.
263
O meu verso sem temor,
Um canteiro em primavera
Onde possa em raro amor
Ter a luz que tanto espera.
264
Não pudesse ter no olhar
Outro dom que não a luz
Nos teus braços mergulhar
Coração aonde o pus.
265
No caminho que se veja
Outro tanto em afluência
A verdade sem peleja
Traz a sorte em consciência.
266
Não queria ser assim
Nem tampouco poderia
O meu mundo traz enfim
O que possa em alegria.
267
Apresento a minha luta
E se beijo qualquer sonho
O meu passo não reluta
E o caminho em paz componho.
268
Bebo em goles fartos, vida
E não posso mais calar
A certeza construída
De mansinho, devagar...
269
Já não tive melhor sorte
Ao tentar felicidade
O que possa e me conforte
Não trouxera a liberdade.
270
Vento traz a tua voz
Tua imagem; já carrego
O que possa ser de nós
Quando em sonhos eu me entrego.
271
Nada mais se aventurasse
Em caminhos mais diversos
E vencendo algum impasse
Ouso em paz suaves versos.
272
O meu canto se desenha
Na vontade de te ter
Onde a vida sempre tenha
O sentido do prazer.
273
Nada mais quisera aonde
O meu canto não permite
O meu verso corresponde
Ao que tanto em luz palpite.
274
Na palavra salvadora
Na verdade mais sublime
Esperança sempre fora
O que em paz já nos redime.
275
Da viola cada corda
Representa uma saudade
O meu mundo já recorda
Desta tal felicidade.
276
Acordando esta vontade
De te ter a cada instante
Vivo enfim felicidade
Que este amor tanto garante.
277
A miséria se desenha
Nalgum beco, numa esquina
E decerto o que contenha
Tantas vezes desanima.
278
Para quem quer navegar
Ondas, barcos; soltas velas
E pudesse neste mar
Onde o cais tu me revelas.
279
Ao beber um gole a mais
Da aguardente feita em vida,
Enfrentar os temporais
Não temer sequer ferida.
280
Ouso apenas no que possa
Sem tentar novo caminho
A certeza sendo nossa,
Já não sigo mais sozinho.
281
O meu verso se aproxima
Do que tanto desejei
Em suave e manso clima
Esperança dita a lei.
282
Nas palavras que me deste
No momento mais gentil,
Onde o mundo fora agreste
A colheita se previu.
283
Não fraquejo enquanto luto
E mergulho nos teus braços
Tantas vezes sei que escuto
Meu carinho em raros traços.
284
Vencedor em nova esfera
O meu mundo se traduz
No que possa e já tempera
Com beleza em farta luz.
285
Trago o sonho em minhas mãos
E jamais o perderia
Cultivando nestes chãos
A colheita em garantia.
286
Entoando uma canção
Que pudesse noutra sorte
Trazer mesmo esta emoção
Que decerto me conforte.
287
Desta infância tão distante
Da lembrança ainda viva
O que tenha doravante
Nada mais leva ou me priva.
288
Acolhendo em tal resposta
O que pude ter por certo
A palavra já proposta
Traz o mundo onde desperto.
289
Mais um dia, num repente
Noutra trova em madrigal,
O caminho se apresente
Neste imenso vendaval.
290
Tendo os olhos no horizonte
Tendo a voz em mansidão,
Onde possa a mesma fonte
Traz a rara imensidão.
291
O meu mundo que caíra
Nos enredos mais ferozes,
Já não cabe onde a mentira
Traz momentos tão atrozes.
292
A palavra que liberta
Traduzisse esta verdade
E se possa, esteja certa
Desvendasse a claridade.
293
Nos anseios mais sutis
Nas verdades onde pude
Ser deveras tão feliz
Mesmo em mundo amargo e rude.
294
Nada disto poderia
Ser diverso do que eu sei,
A verdade em alegria
Traz no sonho o que esperei.
295
O meu canto se desnuda
Onde a luta não termina,
A verdade tanto ajuda
Quanto mais tanto fascina.
296
Tudo deve ser contido,
Mas é lícito o viver
Num momento presumido
Traga assim manso prazer.
297
Tanto quanto pude um dia
Imagino o meu futuro
Envolvendo em fantasia
O que eu quero e te asseguro.
298
Os anseios dizem sonho
E meu canto não se cansa
Onde quer que e já proponho
A verdade sempre alcança.
299
Nas fazendas e nos rios,
Toda tarde a pescaria
Traça novos desafios,
E com eles, fantasia.
300
Somo os dias onde tenho
A verdade como meta,
E bem sei que de onde eu venho
A vontade se completa.
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