domingo, 3 de abril de 2011

951

Não quero mais valentia
Nem tampouco tempestade,
No tanto que me cabia,
Só cabe nossa amizade

Meu amigo já te conto
De tudo o que já vivi,
Sofrimento foi desconto
De toda amor que perdi.

Companheiro não me esqueço
Das palavras que dizia,
Esse amor eu não mereço,
Mas custou a teimosia.

Moço pobre, moça rica,
Num dá certo não senhor,
Quando a coisa se complica
O dinheiro tem valor.

O seu pai é proprietário,
Eu sou simples cantador,
Na hora desse honorário
Toda a conta me sobrou.

Quando a moça viu a casa
Com telhado de sapê,
A paixão que fora brasa
Começou a arrefecer.

E depois de rachar lenha
Com a mão tão delicada,
Por mais amor que me tenha,
No final não sobrou nada.

Arroz e feijão na cuia,
Beber água lá do poço,
Guardar milho lá na tuia
Piorou este alvoroço.

Mas te falo camarada,
Cada beijo bem cheiroso,
Valeu toda esta jornada,
Eta bichinho gostoso!


960


Mas agora que findou,
E voltei à realidade,
Graças a Deus, me sobrou,
O bão de tudo, amizade!

Meu amigo, como é bom,
O saber que estás aqui.
Na nossa amizade, o dom,
De vencer o que venci.

Amigo, na adversidade,
Nos momentos mais cruéis,
Precisamos, na verdade,
Dos amigos mais fiéis.

Obrigado, então, amigo,
Pelo abraço companheiro,
Caminhando assim, contigo,
Eu desvendo o mundo inteiro.

Canto sem ter sofrimento
Se vier, não temo não.
Amizade é forte vento,
Que assopra no coração.

Eu te peço, sem temor.
Eu não minto. Na verdade,
Bem mais sólida que amor.
É a força da amizade!

Minha querida, a alegria
É um bem que nos domina
Ajudando a fantasia
Pena que, cedo, termina...

Mas não anda assim sozinha
Essa alegria danada,
Senão fica miudinha
Pois quer ser compartilhada!

Alegria logo encanta
E nos faz, amor, tão bem,
Mas se alegria se espanta,
Não nada sobra ou ninguém.

Se comemoro, querida
Uma alegria sem fim,
Venha comigo e decida,
Dobrará, amor, enfim...

970

Porém se nada sentir
Do que sinto com certeza,
Nada mais vai impedir
De chegar uma tristeza...


A minha grande alegria
É poder ser teu amigo
Nesta amizade sadia
Reconheço um bom abrigo.

Por mais que siga sozinho
Meu caminho pelo mundo,
No teu peito encontro ninho
Deste carinho profundo.

Alegria de encontrar
Apoio que precisava
Certeza de navegar
Onde sonho naufragava.

Fazendo minha ancoragem
Neste braço benfazejo
Criando tanta coragem
Sem temer da dor bafejo

Em tantas horas festivas
Como nos momentos maus,
Trazendo as forças tão vivas
Organizando meu caos.

Amigo te canto loas
E te faço tantos versos.
Amigo das horas boas
Dos momentos mais diversos...

Trazendo risada franca
Admoestando também
No breu ou na lua branca
Meu amigo sempre vem.

Meu amado camarada
Teu sorriso radiante
Me ajudando nesta estrada
Prosseguir, vou adiante!


A cambista da saudade
Esta lua tão ingrata,
Sonegando a claridade
Boicotou a serenata.

A calcinha da Maria
Tem um furo bem por baixo,
Pra acertar a pontaria,
Com cuidado eu já me abaixo...


o amor é uma cachaça
que não canso de beber,
nem em todo canto se acha,
quando vejo é só você



a cachaça é minha amiga,
disso falo e faço fé,
mas quando começa uma briga,
minha amiga dou no pé.


A casinha é de sapé,
Mas, garanto é um tesouro,
Meu amor quer cafuné
O meu barco, ancoradouro...


Não se esqueça que o remédio
Tem a dose e o momento,
Não quero que vire tédio
A beleza e o sentimento.

Não se preocupe tanto
Com a falta deste vento,
Não é pra causar espanto,
Vou vivendo sempre atento.

Aos sintomas da doença
Que bem sei que traz tortura
Mas que boa a recompensa,
Quando o mal logo se cura.

O cuidado que se tem
Com a chuva e tempestade,
Ajuda muito também,
Precisa tranqüilidade.

Eu bem sei que a vida passa
E com ela esse perigo,
De virar tudo fumaça,
Mas tratamento eu prossigo,

Com toda essa paciência
Que parece uma maldade,
Mas faz parte da ciência
Gotas dessa tal saudade.

O que importa no momento,
É preciso que convença,
Não é o medicamento,
Mas a cura da doença...


Mas não consegue ferir
Refreando esse desejo,
Deixando tudo fruir
Na doçura do teu beijo...



Quis a fada que eu tivesse
Um amor que não me quis,
Rogo a Deus em tanta prece,
Quem me dera ser feliz..

Meu amigo, como é bom,
O saber que estás aqui.
Na nossa amizade, o dom,
De vencer o que venci.

Amigo, na adversidade,
Nos momentos mais cruéis,
Precisamos, na verdade,
Dos amigos mais fiéis.

Obrigado, então, amigo,
Pelo abraço companheiro,
Caminhando assim, contigo,
Eu desvendo o mundo inteiro.

Canto sem ter sofrimento
Se vier, não temo não.
Amizade é forte vento,
Que assopra no coração.

Eu te peço, sem temor.
Eu não minto. Na verdade,
Bem mais sólida que amor.
É a força da amizade!



Morena moça bonita
Conterrânea das Gerais
A minha alma andava aflita
Procurando enfim ter paz

E chegaste com carinho,
Com ternura, rara flor,
Aos poucos cortou espinho
Fez brotar o meu amor.

Eu sou teu nunca neguei,
Tu és minha, rosa e leme,
Tanto amor te dediquei
Alicerce eu sei que treme

Ao saber que estamos juntos,
Ocorrem calamidades,
Ressuscitam os defuntos,
Enchentes têm de verdade.

Até gente sai correndo
De tremendo furacão,
O nosso amor vai vencendo
Tem a força da paixão!


A formiga não se cansa
De morder meu velho pé.
Uma pergunta me alcança
Como agüenta este chulé?


A maré que se faz cheia
Já recheia de saudade
Quem há de dizer sereia
Quando anseia a liberdade.



A Maria diz que tem
É mentira da Maria
Eu não gosto de ninguém,
Só namoro a poesia...

A Maria é mentirosa
Não dê crédito, querida,
Fui buscar a bela rosa,
Minha mão saiu ferida...

A Maria tem gogó,
Fala grosso sim senhor,
Mas não anda assim tão só
Arranjou um jogador...


A melhor coisa da estrada?
Bicho de pé e mulher!
A mulher vale de nada,
Se o bicho num fica em pé!


A melhor parte de mim
Ficou pelo caminho
Já deu seca no jardim
Agora vou sozinho.

Você foi a criatura
Que me fez sofrer demais
A cortar a ditadura
Nunca mais fiquei em paz

A melhor rima que eu sei
Encontrei nos lábios teus
Pois se nela amor rimei
Solidão já deu adeus...


A menina quando cresce
Pensa logo em namorar,
Esperanças ela tece,
Só deseja assim beijar...

A mentira que contaste,
Na verdade me ajudou,
Sol e lua num contraste
Tanto fez que até nevou...


No meu canto mais sereno,
Vontade de agradecer
Este amor deveras pleno
Que tanto ajuda a viver.

Encontro-me satisfeito
De saber deste carinho
Transbordando no meu peito
Não me deixa andar sozinho...

Minhas alegrias são poucas
A minha tristeza é tanta,
As minhas noites vãs, ocas,
A voz da saudade canta...

Mas depois que a alma lagrima
Amargando a solidão,
Eu relembro tua estima,
Meu porto de salvação...

Por isso não me abandone
Nunca mais querida amiga,
Não quero mais noite insone.
O teu colo, a vida abriga...

A minha alma que era aflita
Agora não sofre mais,
Ao ver a moça bonita
Vai seguindo amor em paz...


Um canto na madrugada,
Traz um gosto de tristeza...
Saudade da minha amada,
Levito nessa beleza...

Silencio sobre tudo,
Não quero falar mais nada...
Vou calado, sigo mudo,
Esperando minha amada...

Não sei falar mais de dor,
Caminho sempre n’estrada,
Estrada do meu amor,
Estrada da minha amada...

Na curva dessa saudade,
Capotei, curva danada...
Vou viver felicidade,
Nas curvas da minha amada...

Trago meu peito cansado,
Minha mão, no peito, atada...
Peito bate des’perado,
Saudades da minha amada...

Menina quero teu colo,
Deixa de ser tão levada;
Vou te deitar neste solo,
Te fazer a minha amada...

Eu nem sei de valentia,
Nem quero cair da escada;
Seja noite ou seja dia,
Eu só quero minha amada...

Vergalhão cortou bem fundo,
Sangria desesperada;
Quer dor maior nesse mundo?
Distância de minha amada...

Vento ventou no telhado,
Chuva caiu na calçada.
Triste sina, triste fado,
Procuro por minha amada...

Toda fumaça que eu trago,
Vai subindo espiralada.
No pulmão faz tanto estrago,
Volta pra mim, minha amada!

Não quero nem mais viver,
Vida vai descontrolada.
Procurando, por você,
Sem encontrar; minha amada...

Quero poder noutro dia,
Estar co’alma lavada.
Oh! Meu Deus, como eu queria,
Saber de ti, minha amada!

Tanta maldade na terra,
Voa então, minha alma alada,
Sobe morro, desce serra,
Procurando a minha amada...

Lavei meus olhos tristonhos,
Na poça d’água parada.
Vou sonhar todos os sonhos,
Até sonhar minha amada...

Amor me pegou de banda,
Escondido, de empreitada;
Lua daqui, de Luanda,
Traz para mim, minha amada...

A moça bonita dança.
Moça da saia rodada;
Coração traz esperança,
Da dança da minha amada...

Pedra faz onda no rio,
Depois de ter sido lançada;
Vou vivendo o desafio
De ondear minha amada...

A safira dest’anel,
Aonde foi encontrada?
Olhei pra terra e pro céu,
Encontrei a minha amada...

Diamante traz riqueza,
Jóia muito procurada;
Mas muito maior beleza,
Nos olhos da minha amada...

No sertão cantando primas,
Tem viola enluarada;
Encontrei todas as rimas,
Nos lábios da minha amada...

O que presta nessa vida,
Nunca foi coisa comprada;
Minha alegria perdida,
Encontrei na minha amada...

Tanta verdura gostosa,
Delas fiz uma salada.
Vida vai maravilhosa,
Nos beijos da minha amada...

Serpenteia minha sorte,
A vida é carta marcada.
Jogo pesado, de porte,
Aposto na minha amada...

Vaso duro não se quebra,
Nem fica a casca arranhada;
Tão lindas, quando requebra,
As ancas da minha amada...

É de Deus a escolhida,
Foi, por ele, abençoada.
Nunca mais quero outra vida,
Nos seios da minha amada...

Canto cantiga de roda,
Samba, bolero e toada.
Planta crescendo na poda,
Quero colher minha amada...

Cantor que canta forró,
Canta xote e embolada;
Nada no mundo é melhor,
Que os braços da minha amada...

Quando cheguei lá de Minas,
“Truce” queijo e até coalhada.
“Truce” coisas tão divinas,
Só num “truce” minha amada...

Da chuva eu sou só um pingo,
Mas você quer trovoada.
Quando choro, esse respingo,
Vai molhar a minha amada...

Toda essa reza que eu rezo,
Na Igreja ou na orada.
Tudo que eu deveras prezo,
Encontro na minha amada...

Na vida perdi o freio,
Capotei numa guinada.
A vida me pôs arreio,
Nas pernas da minha amada...

No circo triste da vida,
Eu perdi a minha entrada.
Só encontrei despedida,
Só me restou minha amada...

Eu sofri tanto, bem sei,
A vida me deu esporada.
Aqui, ao menos sou rei,
No reino da minha amada...

Chora cavaco chorão,
A noite vai embalada.
Vai chorando o coração,
Lágrimas de minha amada...

Dançando xote e baião,
Danço até uma lambada.
Só não danço solidão,
Peço perdão, minha amada...

Errei demais, eu sei bem,
Minha vida é toda errada.
Sem você não sou ninguém,
Me desculpe, minha amada...

Feira boa é a que tem,
Muita coisa variada.
Só não encontro meu bem,
Onde estás, ó minha amada?

Te procurei num castelo,
E não passei da fachada.
Todo dia, então, eu velo,
Na busca da minha amada...

Eu tentei cantar um hino,
Vitrola tá enguiçada.
Quem me dera ser menino,
Para cantar minha amada...

Com varinha de condão,
Eu encontrei minha fada.
Só me restou ilusão,
Encantar a minha amada...

Trabalhei por tanto tempo,
Cavoucando com enxada.
Mas foi tanto contratempo,
Onde “plantei” minha amada?

Já tive tanto revés,
Eta vidinha azarada!
Lavei navio e convés,
O mar levou minha amada...

Mulher ficando nervosa,
Entra muda e sai calada.
Mas feliz, fica bem prosa,
Fala pra mim, minha amada...

Lá na casa que eu morava,
Dizem que é mal assombrada.
Mas era eu quem chorava,
Só por você minha amada...

De tanto amor nessa vida,
Eu a levo endividada.
Vou fazer a despedida,
Já cansei da minha amada!


A moça que se engravida
Do boto mais elegante
Anda de bem com a vida,
Vai sorrindo a cada instante..

A mocinha não sabia
Do que o moço desejava
Toda noite todo dia,
A minha alma se lavava...

A mocréia desfilando
Numa micro minissaia
E depois vai reclamando
Quer assovio vem vaia.

A mortalha que eu vestia
Esgarçada me permite,
Crer com toda a fantasia
Num amor sem ter limite.

De Denise quero o canto
De Renata essa alegria
De Luiza, seu encanto,
O paladar de Maria

Quero de Rita a delícia
Que conheci em Joana,
De Paulinha, essa carícia
Que só me deu Mariana...

a mulher quando é sacana
faz da gente o que bem quer
nos domina e nos engana
sogra também é mulher...


A mulher quando é safada
Se descobre rapidinho,
Se perdida é encontrada
Bem na beira do caminho.

A mulher se tem juízo,
Encontrei a salvação
Mas prefiro o paraíso
Neste amor de perdição.

A mulher tem seus segredos
Deles não sei nem metade,
Mas nas pontas dos meus dedos
Tu terás felicidade.


A mulher com muito afinco
Não podia descansar
De uma vez namora cinco,
Inda quer me namorar!


A noitinha vem chegando
E com ela vem a lua,
Vendaval onde era brando
Vendo você toda nua..

Ando sempre procurando
Quem na vida possa ter
Um carinho bem mais brando
Que permita o bom viver

Na amizade, com certeza
Uma luz que não se apaga,
Neste amor, delicadeza
De quem sabe e nos afaga

Eu te quero sempre aqui
Venha logo, minha amiga
Amizade eu concebi
A perfeita e forte viga


Vou lhe contar um segredo,
Não espalhe, por favor.
O galo levanta cedo,
Mas não é trabalhador...


Menina tome cuidado,
Não vá fazendo bobagem,
Cerca de arame farpado,
Nunca impede a paisagem.


Nesta tentação não caia,
Se bem que é bom de verdade,
Vestida de minissaia,
Só protege a propriedade!


A paixão que se comprova
Deve ter muita emoção.
Minha amada nesta trova
Eu te dou meu coração.


A paixão é traiçoeira
Feito cobra cascavel,
Descuidou e deu bobeira,
Sai do chão e cai do céu...

Eu te quero aqui comigo,
Minha prenda tão formosa
Pode vir não tem perigo,
Te prometo um mar de rosa...


A poesia nos traz
A beleza que desperta
Na dose que satisfaz
Amor na medida certa...


Perereca bem safada
Engolindo o passarinho,
Bem macia e depilada
Vai entrando de mansinho...


A saudade é matadeira
Não me deixa quase nada,
Nesta lua derradeira
No clarão de uma alvorada


a saudade é tão matreira
não se cansa e me maltrata
tomando a terra mineira
chega na Zona da Mata.


A saudade é traiçoeira
Mente, mente sem parar,
Um espinho na roseira
Vai salgando todo mar...

a saudade é uma doença
que faz bem ao coração,
no passado a gente pensa
aprendendo uma lição...

A saudade faz a festa
No coração de quem ama
Relembrando o que inda resta
Reacendendo esta chama.


A rosa-sangue vermelha
Acredita que o espinho
Não é mais do que centelha
De seu gesto de carinho...

Vi a saia da morena,
O vento já levantou,
Não deu pra ver a açucena,
A flor não desabrochou..


A saudade bate à porta,
Vem chegando sorrateira,
Esperança foge morta,
A lembrança é companheira..

A saudade bate ponto
No operário coração
Te procuro e não te encontro
Triste enredo da paixão...

Eu não canto uma esperança,
A saudade cala a voz,
A tristeza quando alcança
Me maltrata, tão feroz...

A saudade de quem foi
E não volta nunca mais
Ruminando feito um boi
A danada dói demais...

A saudade diz do sonho
Que jamais esquecerei,
Nela o barco quero e ponho,
Tendo em cais a antiga grei...

a saudade faz estrago
numa casa de sapê
da cachaça, cada trago
me faz lembrar de você


A saudade formigando
Lembra o tempo que se foi,
O amor vou ruminando
Coração tamanho boi.


A saudade me maltrata
Mas também me dá prazer,
Deixa eu entrar nessa mata,
Nessa mata me perder!


A saudade quando vem
Maltratando o coração,
Um amor tamanho trem
Arrastando até vagão...



A saudade recomeça
Quando a gente escuta a voz
Tão mansinha, assim sem pressa
De quem vive dentro em nós...


A saudade rodopia
Espiando o coração,
Nos braços da fantasia
Um abraço da ilusão..

A saudade sempre apronta
Com quem fica e sofre tanto,
A minha alma andando tonta
Não se esquece do teu canto...


A saudade traz cativo
O meu peito apaixonado,
Da saudade eu sobrevivo
Nela estás sempre ao meu lado.

A saudade é matadeira
Não me deixa quase nada,
Nesta lua derradeira
No clarão de uma alvorada

A saudade sempre cheira
Uma rosa perfumada
Que sem rumo ou estribeira
Por espinhos decorada.

Saudade é doce castigo
É vontade de saber
O que se foi eu persigo
Na meiguice do sofrer

No passado o meu abrigo
Desabrigo passo a ver
Com ferrão feroz amigo,
Amargo mel pra beber...


A saudade, tão arteira
Preparando uma arapuca,
Danadinha feiticeira
Deixa minha alma maluca...

O veneno desta seta,
Não tem cura não senhor,
Atingindo algum poeta,
O transforma em trovador...

A tristeza de um caboclo
Vem da saudade matreira
Vai minando pouco a pouco
E destroça a vida inteira.


A tristeza, na verdade,
É coisa que sempre dá,.
Quando eu sinto essa saudade,
Das terras do Paraná...

Se não cura, remedia
Toda trova tem valor,
Semeando a poesia
Na colheita encontra amor...

Faço trova de improviso,
Cantador e repentista,
Teu amor é o que preciso
Não te perco mais de vista...


a trovinha quando é feita
com ternura e sem pudor,
todo sonho não enjeita
deste tolo trovador...


A verdade é traiçoeira,
A mentira traz conforto...
Melhor sorte verdadeira
Do que mentiroso morto...

A verdade se escondeu
Na mentira que disseste,
Tanta lágrima choveu
No meu coração agreste.


A vontade é de ficar
Mas eu tenho de ir embora
Eu vou que trabalhar
De saudades peito chora...


Falar de tanta saudade
Que me invade e não me larga
Sanando a dificuldade
Com a voz que já se embarga.

Deste amor que sempre fora
Decoração de primeira
De coração que se chora
Pela morte da roseira.

Que não foi sequer clamada
Nem tampouco deu perfume
Mas queria ser amada
Por isso tanto queixume...

Andando pelas estradas
Demonstrando uma coragem
Sem estrelas na calçada
Inventou uma bobagem

Agora que vai sozinha
Sem ter mais lua pra ver
A rosa tanto se espinha
Que se esquece de morrer...

Ou melhor morre demais
Uma, duas, três, dez mil.
Tanta morte assim me traz
A face que não partiu.

Passeando sem juízo
Pelas sendas mais floridas
Tanto assim quanto preciso
Queria mais sete vidas...

Meu amor, eu dei azar,
Eu não voltarei do pó.
Vou por isso aproveitar
Pois bem sei, tenho uma só...

Mas agora que te vejo
Os anjos não comemoram
Um velho filme revejo:
A volta dos que não foram...


Minha vida vai passando
Pelos campos, devagar.
Tantos verbos conjugando,
Viver, sofrer e lutar...

Vivendo na poesia
Sofrendo por teu amor
Vou lutando todo dia
Pelo caminho que for.

Nos campos dessa saudade
Plantei a minha esperança
Não brotou sequer verdade,
Só restou uma lembrança;

Do jardim da minha vida,
Do rosal do meu caminho.
Minha alegria esquecida
Marcada por cada espinho.

Os teus beijos tão amenos
Os carinhos, meus remansos,
Os teus olhos mais serenos
Teus belos seios, tão mansos...

Nada mais aqui ficou
Só a dor de não te ter.
Pelos caminhos que vou,
A vontade de morrer...

A xoxota da Luzia
Já não quer saber de mim,
Mas eu soube que ela cria
Chato, pulga e até cupim...

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