domingo, 3 de abril de 2011

Nada mais pudesse ver
Quem deseja solidão
Meu amor a se perder
Desperdiça uma ilusão.


Trago os olhos no horizonte
Na verdade sigo só,
Onde fora doce fonte
Reduzida a seca e pó.

Abro os olhos e não vejo
Outro sol que me tocasse
A vontade, este desejo
Só permite um velho impasse.

No meu canto sem proveito
No momento mais cruel
Quando em solidão me deito
Deste inferno busco o Céu.

A verdade mais dorida
Faz de mim um girassol,
Sem certezas, minha vida
Busca a tua qual farol.

Rescindindo este contrato
Nosso amor fora ilusão,
O que tanto ora constato
Toma inútil dimensão.

A palavra que redime
Noutro tempo se entranhara
Tanto amor claro e sublime,
Uma imagem sempre rara.

Nas montanhas verdejantes
E nos vales mais sutis
O que quer e não garantes
Todo o tempo contradiz.

Esperasse mais um pouco
E quem sabe poderia
Caminhando feito um louco
Sem saber da fantasia.

Na palavra que permita
Outro rumo em vida atroz,
Onde a sorte diz desdita
Nada mais existe em nós.


Meu versar sem ter segredos
Trama a dor onde concebo
Os caminhos, desenredos
Só a dor enfim recebo.

Quero ter algum direito
De viver felicidade,
No que possa e sempre aceito
Cada passo me degrade.

A verdade se escondendo
No sorriso em ironia,
Cada dia me perdendo
Onde nada mais havia.

Vejo o olhar de quem pudera
Desejar alguma luz,
Mas a vida nunca espera
E o vazio reproduz.

Ânsias tantas, novo sonho
O que pude ter em mente
Num momento mais tristonho
Outro igual já se apresente.

Organizo meus arquivos
E procuro alguma luz
Dos antigos lenitivos,
Nada mais ora conduz.

O vencido caminheiro
Andarilho vai sozinho
Quando ceva o seu canteiro
Só cultiva dor e espinho.

A verdade não me cansa
Mesmo assim nunca convence
A palavra em temperança
Sempre traça este non sense.

Cada luta que se trava
Numa sorte sem proveito
Onde a vida demonstrava
Este rio além do leito.

Rastros vejo vida afora
E procuro quem seguira
O que tanto me apavora
Traz no olhar a fria mira.

Trovas tantas, fartas provas
E os anseios costumeiros,
Quando a vida tu renovas,
Os meus sonhos, derradeiros.

Um momento e relembrasse
Do que tanto desejei
Minha vida se mostrasse
Onde nunca imaginei.

O veneno mais atroz
Esperança dita o fato
E se tenho em ti o algoz
Cada passo, outro maltrato.

Uma noite solitária
Nova sorte não se vendo
A presença imaginária
De quem quero e não desvendo.

Trovador que não se cansa
De buscar algum apoio
No final sem esperança
Mata o trigo e ceva o joio.

O meu mundo descaindo
O meu tempo se findando
O que fora outrora lindo
Já não vejo como e quando.

Resumisse a minha história
Neste pouco que me resta
Todo amor traz na memória
O começo feito em festa.


Nada mais eu represento
Para quem tanto queria,
O meu dia em desalento
Tão distante da alegria.

Merecesse melhor sorte
Quem procura ser feliz,
Mas sem nada que conforte,
Sigo a vida por um triz.

O verbete mais usado
Por quem tanto quer a luz,
Já não fala do passado
Ao futuro nos conduz.

Mergulhando nos teus braços
Dias claros, sol intenso,
Realçando nossos laços,
Nesse encanto eu sempre penso.

Neste mar duro e bravio
Feito em tantas tempestades
Onde outrora fosse um rio
Hoje frias realidades.

Reparando o que respaldas
E desejas noutro tom,
As bandeiras que desfraldas
Melodia em torpe som.

Acordando o que adormece
Dentro da alma, mais ligeiro
Tanto amor que a vida tece
Traz o sonho derradeiro.

Já não pude ser feliz
E tampouco o desejava
A palavra que mais quis
No meu peito se calava.

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